Grandes seguradoras precisam se ajustar à maior exposição nos meios digitais e a novos hábitos de consumo dentro de novas regras
A 88i Seguradora Digital foi destaque na matéria do Valor Econômico, por ser uma das empresas que promove modelos inovadores de negócios no mercado de seguros! Confira os principais trechos da matéria:
A grande sacada da 88i Seguradora Digital no setor foi criar produtos específicos. “No caso das plataformas de mobilidade, como Uber e iFood, lançamos uma proteção financeira. A apólice cobre 14 dias de perda de renda se o condutor bater o carro ou a moto e ficar impedido de trabalhar”, diz Moreira.
E a tecnologia de registro distribuído é uma das apostas. Para Fernando, ela será crítica no setor de seguros. “Tudo será registrado no blockchain, de contratos a apólices aos relatórios da Susep”, comenta.
O fato é que o direcionamento para a inovação no mercado de seguros é um movimento global. A capacitação de inovação, fortalecida pela transformação digital, é o atributo que garantir a expansão e a perpetuidade nos negócios no segmento.
Segundo estudo recente da Accenture, o crescimento do mercado depende de novos produtos e de mudanças na distribuição, que deve migrar para canais digitais e plataforma de terceiros. Pelas projeções da consultoria, o setor global de seguros crescerá US$ 1,4 trilhão entre 2020 e 2025, e boa parte do acréscimo está relacionada a inovações.
E, neste ano, há mudanças importantes previstas para acontecer no Brasil. Entre elas, a regulamentação do Open Insurance. Segundo Karen Abe, Diretora da Accenture Technology, o compartilhamento de dados dos consumidores vai promover a competição, ampliar a exposição de produtos e serviços nos meios digitais e estimular novos hábitos para aquisição de apólices. E para dar conta das demandas, será preciso amarrar parcerias, automatizar processos e promover a eficiência na cadeia produtiva.
Além disso, entre as estratégias das empresas, está a inovação aberta, processo que inclui acordos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e investimentos em insurtechs, como são chamadas as startups do setor. Isso quem destaca é Daniel Hatkoff, fundador e CEO da Pitzi.
“O mercado global é formado por grandes empresas, com legado e processos estabelecidos. Elas têm dificuldade para reinventar os negócios”, diz. O processo de contratação precisa ser simples e sem burocracia, mas as seguradoras ainda tem medo de trabalhar dessa forma.
Hatkoff destaca que a inovação exige mudanças culturais profundas nos grandes competidores. Sendo assim, segundo ele, antes de buscar parceiros, é preciso fazer a lição de casa. “Depende muito do envolvimento da liderança, que deve tolerar erros e preparar a estrutura corporativa para experimentação”, completa.
Essa inovação no Brasil tem sido puxada no setor pela atuação da Superintendência de Seguros Privados (Susep). Além de implementar o Open Insurance, que prevê o compartilhamento de dados dos consumidores, a instituição criou ambientes de teste para modelos inovadores de negócios, o chamado Sandbox regulatório. Estes laboratórios são a resposta do órgão para promover o uso de tecnologias como registro distribuído (Blockchain), Internet das Coisas (IoT), robôs de recomendação e Inteligência Artificial. Técnicas que, se bem aplicadas, promovem automação em larga escala e criam base sólida para inovação em produtos.
De acordo com Pedro Prates, Diretor do Cubo Itaú, o mercado de seguros foi, até agora, “pouco tocado pela tecnologia”, o que configura grande potencial para inovação. “A transformação digital vai destravar negócios ao facilitar o acesso aos produtos”. No Brasil, segundo o executivo, a difusão dos seguros ainda é baixa e as empresas dispostas a explorar novos filões encontram pela frente um oceano azul.
No Cubo Itaú, Prates assiste ao crescimento do número de insurtechs. Ele destaca dois perfis distintos de empreendimentos. O primeiro deles centrado nos processos de distribuição de produtos, com aplicação de tecnologia para melhorar a experiência do consumidor. No segundo perfil, estão as startups interessadas em revolucionar os produtos, explorando o Sandbox da Susep. “Aumentou o apetite dos investidores para alocar recursos em projetos para o segmento”, diz Prates.
Fábio Dragone, Diretor de digital e de inovação do grupo Bradesco Seguros, por exemplo, confirma interesse nas parcerias com as insurtechs. Ele destaca que o segmento da saúde é o mais avançado na jornada digital quando comparado aos de vida, previdência e patrimônio. “A pandemia apertou o passo da inovação na área de saúde”, diz.
Especialistas em cada uma das pontas, as insurtechs encurtam caminhos para ganho de eficiência e promovem inovação no setor. “Nossa estratégia é buscar empresas no Brasil e no exterior, para nos ajudar a enfrentar desafios nas diferentes linhas de produtos”, afirma Dragone. “Realizamos o mapeamento contínuo de insurtechs para avaliar oportunidade colaboração”, finaliza.
Novo Perfil Requer Visão de Negócios
E com essa maior digitalização dos negócios e o desembarque de mais insurtechs, um novo perfil de profissional está sendo exigido no segmento. É o que diz matéria da Valor Econômico “Novo perfil requer visão de negócios”, sobre as fortes contratações no setor de seguros, com uma demanda maior por quem tem conhecimentos tecnológicos e gestão de equipes à distância.
De acordo com recrutadores e executivos, estão em alta nos currículos características como conhecimentos sobre gestão de crises e rápida adesão a ferramentas inovadoras. Em postos de liderança, saber comandar equipes à distância com empatia também virou uma exigência importante nos meses de pandemia. A busca de talentos segue aquecida em 2021.
Com 11 funcionários, a 88i Seguradora Digital tem oito posições abertas, como cientistas de dados e CFO (Diretor financeiro). Foram contratadas quatro pessoas em 2020 e o plano é terminar 2021 com 35 funcionários, antes de atingir a marca de 300 colaboradores em 2022. Entre as mais de 260 admissões planejadas no próximo ano, 40% serão de especialistas em DevOps (Integração das equipes de desenvolvimento e infraestrutura), além de cientista de dados e atuários (40%), operações e serviços (20%). “Vamos estruturar áreas fundamentais da empresa para crescer”, diz Fernando Moreira, CEO da 88i.
Segundo Juliana França, gerente de banking, financial services e insurance da consultoria de recrutamento PageGroup, a demanda está mais forte do que em 2020. “No ano passado, o mercado aqueceu somente no segundo semestre.” Juliana explica que a crise sanitária trouxe mudanças nas exigências de contratações não só entre as empresas, mas também do lado dos candidatos. Pela primeira vez, tivemos vida pessoal e profissional misturadas, o que fez com que executivos e empregadores percebessem a importância de um match perfeito de cultura corporativa e de valores entre as partes, afirma. Nessa linha, novas nuances profissionais ganham força nas seleções, como ética e conformidade.
“A especialização dentro do universo de seguros, seja na área comercial ou técnica, está mais presente”, avalia a consultora da PageGroup. Currículos que mostram expertise em outros setores, e não apenas em insurance, principalmente para o topo da pirâmide, ajuda a entender o cliente de forma mais profunda.
Outras demandas são os currículos para insurtechs, em que a busca é por executivos com capacidade de “abrir novos mercados”, de Juliana. As contratações para liderança também estão exigindo novas competências, além da adaptabilidade a cenários diversos e conhecimentos de gestão de crise. Um ponto fundamental é como promover a gestão à distância com mais empatia. “Tem gente trabalhando com filho no colo que precisa coordenar a “logística” familiar, vida pessoal e trabalho”, diz Juliana.
Ana Carla Guimarães, gerente de recrutamento da consultoria de recursos humanos Robert Half, também garante que a demanda por executivo de seguros não desaqueceu em comparação a 2020. A empresa identificou um aumento de 35% no número de contratações no primeiro trimestre de 2021 ante igual período do ano passado. “Há uma necessidade de reforço dos times de inovação digital, produtos e desenvolvimento de negócios.”
Um dos contratos recentes da Robert Half envolve uma multinacional de seguros que recebeu verba da matriz para ampliar quadros em todas as linhas de negócios, diz Ana Carla, sem revelar detalhes. Com o acirramento da concorrência no setor, puxado pelas plataformas on-line, a especialista identifica o movimento de adequação nos quadros de empresas que não tinham esse perfil digital em casa. “Tiveram que correr para admitir profissionais.”
Agora, as habilidades mais exigidas, segundo a consultora, são inglês fluente, formação atuarial e aderência à inovação. A valorização de conhecimentos on-line também foi influenciada pela pandemia e indica a necessidade das chefias de acelerar processos de transformação digital.
“Algumas competências mais comportamentais ganharam força, como senso de “dono”, maior visão de negócios e resiliência. Antes, ter apenas conhecimentos sobre seguros era suficiente.” Hoje, aspectos da personalidade do candidato pesam tanto quanto a bagagem técnica na hora da seleção, garante.
A gerente da Robert Half chama atenção para a necessidade de atualização. Os departamentos de RH das seguradoras e corretoras devem investir em educação continuada e planos de carreira para que os executivos continuem motivados e gerando negócios, diz. Do outro lado do balcão, o profissional precisa estar “antenado” com as mudanças que impactam mercado. Deve ter uma visão orientada à criação de oportunidades e não deixar a empresa ficar “obsoleta”.
É o que está fazendo Fernando Moreira, na cadeira de CEO da 88i Seguradora Digital desde março. A companhia, fundada em 2018, espera vender 50.000 apólices e chegar às R$7 milhões em prêmios em 2021. Para isso, uma das metas é disponibilizar as proteções em um “clique”, diz o executivo, que tem 23 anos de mercado, foi presidente da HSBC seguros e acumula experiências na China e no Canadá.
“Os maiores desafios são criar uma cultura sobre a importância dos seguros e oferecer soluções a preços acessíveis, de forma simples”, diz. Moreira considera que os especialistas precisam ampliar práticas corriqueiras como a venda de apólices ou a regulação de sinistro. É preciso ser questionador e pensar nas necessidades dos clientes. “Mais do que nunca, é necessário abandonar o ‘segurês’ e falar claramente com o consumidor”.
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